Ontem, estava chegando em casa e um senhor de idade, com um carrinho de mão vazio, já com uma voz bem castigada pelo tempo, olhou pra mim da calçada do vizinho e perguntou.
” Será que ainda tem couve?”
É que meu vizinho tem uma hortinha na frente de casa, minha mãe sempre pegava guaco pra fazer chá pra gente!
Mas enfim, me aproximei e dei uma olhada.
“Não tem, o senhor queria?”
Ai ele me disse. . .
“Sim, as “veis” eu pego com o Seu Luiz, tem um gosto “bão” né?”
E nessa a prosa foi aumentando. . . tudo bem que ele falava muito mais que eu rs. . .
Mas enquanto falava com ele, fiquei prestando atenção nos olhos de velhinho dele e pensando.
” Que será que esses olhos já viram? Será que viu os filhos se darem bem na vida, será que viu coisa boas, tristes, de que modo enxerga esse mundo de hoje?”
Não o conhecia, mas percebi que era boa pessoa, e só queria atenção, alguém pra conversar e se sentir parte da sociedade talvez. . . tava com um sorriso no rosto, e com aquele jeitinho caipira de falar foi me instigando.
Poxa, as vezes preciso confirmar minha alegria em viver com algo grande e ele aqui, com a mão toda calejada, roupa rasgada, suja, todo alegre.
Falamos cerca de 20 minutos, e depois disso me deu um caloroso aperto de mão, daqueles que você olha pra pessoa como se tivesse falando “obrigado por existir” e se foi empurrando seu carrinho com pressa!
Não sei o que estava fazendo, não sei de onde e nem pra onde ia, talvez aquele foi o momento máximo do dia na vidinha pacata de um velho caipira, mas me lembrou de algo importante.
Que a nossa vida é importante, nosso tempo também, mas adianta ter tempo quando agente não doa pra outra pessoa? Eu estava com pressa. . . mas acreditem.
Foram os melhores 20 minutos que perdi da minha vida!
Perca o seu tempo assim também!
Vale a pena!
Maikon Máximo, baterista da banda Anjos de Resgate