Lembra-se do triste episódio do assassino Wellington no realengo? Pois é. Se o ato em si foi doloroso, a dor aumentou quando vieram as ilações eivadas de crueldade e de preconceito. Alguns apressados tentaram ligá-lo aos quietos e silenciosos; outros aos muçulmanos; outros, aos evangélicos e outros aos católicos, porque algumas passagens de seus obscuros textos apontavam para distúrbios de fundo religioso. Houve até uma famosa colunista que acabou em diatribes contra o Vaticano, por conta de sua doutrina rígida sobre sexualidade. Achou uma ilação…
Faltou ligá-lo a todos os brasileiros nem brancos nem negros de nome Oliveira. Quem quisesse acharia uma ilação igualmente apressada e maldosa. Pelos textos percebe-se que ele tinha contas a ajustar consigo mesmo, com a sua ex-escola, com seu passado e com o Brasil. E quis mostrar sua mega-indignação de maneira teatral e espetacular, saindo da vida com estardalhaço sanguinolento e levando consigo muitas crianças, porque, se o país não chorasse por ele, ao menos choraria por elas. Lembra o ato de loucura de Herodes que, segundo alguns historiadores, teria dado ordens de matar a elite de Jerusalém quando ele morresse. Queria lágrimas, senão por ele, por causa dele! Se, no caso de Herodes a narrativa é questionada, no caso do Wellington os textos deixam claro que ele queria uma reparação do país e do mundo pelo que ele sofreu e não conseguiu perdoar.
Não foi o único, nem será o último a deitar toda a culpa por seus limites nos parentes e no mundo. Os que se apressaram em ligá-lo aos muçulmanos, aos evangélicos e aos católicos não são nem serão os últimos.
Um padre ex-aluno meu, todo cheio de compaixão disse que, num encontro, pediu orações pelas vítimas e pelo assassino. Alguns dos presentes cruzaram os braços e não abriram a boca na segunda oração… Faltou catecismo naqueles corações. Jesus ensinou a perdoar os inimigos e morreu pedindo perdão pelos que o matavam. Os textos são claros. E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas. (Mc 11, 25) E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Repartindo as suas vestes, sortearam-nas. (Lc 23,34)
Divulguemos a cultura da paz, cultura que passa pelo perdão!
Pe. Zezinho, SCJ